"Da oração depende a nossa mudança de vida, o vencer das tentações; dela depende conseguirmos o amor de Deus, a perfeição, a perseverança e a salvação eterna"
S. Afonso de Ligório
O que é a oração?
Perguntemos aos santos, que viveram na oração, que fizeram dela o seu dia-a-dia, que a experimentaram na sua profundidade, que a conheceram intimamente.
S. João Damasceno diz-nos que “a oração é a elevação da alma a Deus”. Ou seja, é o encontro da alma com Deus.
Quando a alma, seja em que lugar e momento for, se une a Deus e entra em intimidade com Ele, quando entra em comunhão com Ele, aí, nesse momento, a alma está em oração. Unida a Deus, pronta para ouvir e aprender tudo o que o Seu amado tem para lhe dizer. Aí experimenta o Paraíso na Terra. Aí encontra-se com a Felicidade. Pode estar rodeada de gente, mas sentir-se há na intimidade com Cristo, como se estivesse fechada no seu quarto. Assim, Jesus convida-nos: “Tu, porém, quando orares, entra no quarto mais secreto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, há-de recompensar-te”. Esse quarto é o interior da alma, onde Deus mora. Como ensina
St. Agostinho (Confissões, III, 6, 11) é o «interior intimo meo et superior summo meo»– o mais interior do meu mais íntimo e mais elevado do meu mais elevado.
É aí, no mais interior da alma, que o Altíssimo mora, é o Paraíso Terrestre onde Deus se delicia com os homens, onde Ele passeia todos os dias à espera do encontro com a alma. Á espera de Ouvir e ser ouvido, de Amar e ser amado.
Santa Teresa d’Ávila diz-nos que “oração (…) não é mais do que um tratar de amizade, estando muitas vezes a sós com Quem sabemos que nos ama» (Vida 8,7). Ensina-nos que rezar “não é pensar muito” (ou falar muito como nos Diz Nosso Senhor – Mt. 6, 7), “é amar muito. Escolhei de preferência o que mais vos conduzir ao Amor”. E continua: “Talvez nem saibamos o que é amar, o que não me espanta. Consiste, sim, numa total determinação e desejo de contentar a Deus em tudo, em procurar, o quanto pudermos, não ofendê-l’O, rogar-Lhe pelo aumento contínuo da Honra e Glória de Seu Filho e pela prosperidade da Igreja Católica”.
A nossa fraqueza, leva-nos a pensar na oração como um meio ou uma arma para mudar a Vontade de Deus e assim seja feita a nossa vontade. Mas não é isso que Cristo nos ensina. Pelo contrário, ensina-nos que para rezar devemos dizer: Pai-Nosso que estais no Céu (…) seja feita a Vossa Vontade assim na Terra como no Céu. Ele próprio, no Horto da Oliveiras, num sofrimento que O levou a suar sangue, antes de ser entregue às mãos dos homens pediu ao Pai: “Pai se quiseres afasta de Mim este cálice, contudo não se faça a Minha vontade, mas a Tua”. Noutra altura, para nos explicar que a oração não é um método para fazer a nossa vontade, disse-nos: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para satisfazer os vossos prazeres. (…) Em vez disso, deveis dizer, “se o Senhor quiser, vivemos e faremos isto ou aquilo”. (Tg 4, 3 e 15).
A oração não é para mudar a Vontade de Deus, mas a nossa. A oração deve transformar aquele que reza, para santificá-lo, dar-lhe a forma de Cristo. Assim nascem os santos. Crescer na vida de oração é crescer no amor a Deus, na Caridade. E repletos de Deus, repletos do Amor, amaremos, simplesmente amaremos, sem escolher pessoas. Amaremos porque o Amor vive em nós.
Tudo por Vosso Amor, Sagrado Coração de Jesus.