Meu caríssimo Padre,
Na sexta-feira pela manhã, eu ainda estava na cama quando Jesus me apareceu. Estava todo maltratado e desfigurado. Ele mostrou-me uma grande multidão de sacerdotes regulares e seculares, entre os quais vários dignitários eclesiásticos; destes, uns estavam a celebrar, outros a falar, e outros a despir-se das vestes sagradas.
Como a visita de Jesus angustiado me causava muita dor, eu quis perguntar-Lhe porque sofria tanto. Não obtive resposta. Contudo, o Seu olhar recaiu sobre aqueles sacerdotes; mas, pouco depois, quase como se estivesse horrorizado e cansado de ver, retirou o olhar e quando o pousou sobre mim, com grande horror, observei duas lágrimas que Lhe sulcavam o rosto. Ele afastou-se daquela multidão de sacerdotes com uma grande expressão de desgosto no Seu rosto, gritando: "carniceiros?"
E voltando-se para mim, disse: "Meu filho, não creias que a Minha agonia durou apenas três horas; não, Eu estarei, por causa das almas mais beneficiadas por Mim, em agonia até o fim do mundo. Durante o tempo de minha agonia, meu filho, não se deve dormir. A Minha alma vai à procura de qualquer gota de piedade humana mas, ai daqueles que Me deixam sozinho sob o peso da indiferença. A ingratidão e o sono dos meus ministros tornam mais aguda a Minha agonia.
Ai daqueles que correspondem mal ao meu amor! E o que mais Me aflige e custa é que, à indiferença, eles somam o desprezo, a incredulidade. Quantas vezes estive para fulminá-los, se não fosse impedido pelos anjos e pelas almas que Me veneram. Escreve ao teu director espiritual e narra-lhe tudo o que viste e ouviste de Mim, esta manhã. Diz-lhe que mostre a carta ao Padre provincial..."
Jesus ainda continuou, mas o que me disse jamais poderei revelar a nenhuma criatura deste mundo. Esta aparição causou-me tanta dor no corpo, e mais ainda na alma, que durante todo o dia fiquei prostrado e achei que ia morrer, se o dulcíssimo Jesus já não me tivesse revelado.
Jesus tem infelizmente razão de se lamentar pela nossa ingratidão! Quantos de nossos irmãos desgraçados, não correspondem ao amor de Jesus, lançando-se de braços abertos na infame seita da maçonaria! Oremos para que o Senhor ilumine suas almas e toque seus corações.
(Lettera di Padre Pio al suo padre spirituale Padre Agostino,
transcrita em 'Padre Pio da Pietrelcina', 2002)