Sobre a vida privada de Santo Thomas More, disse João Paulo II:
"A sua sensibilidade religiosa levou-o a procurar a virtude através duma assídua prática ascética: cultivou relações de amizade com os franciscanos conventuais de Greenwich e demorou-se algum tempo na cartuxa de Londres, que são dois dos focos principais de fervor religioso do Reino. Sentindo a vocação para o matrimônio, a vida familiar e o empenho laical, casou-se em 1505 com Joana Colt, da qual teve quatro filhos. Tendo esta falecido em 1511, Tomás desposou em segundas núpcias Alice Middleton, já viúva com uma filha. Ao longo de toda a sua vida, foi um marido e pai afectuoso e fiel, cooperando intimamente na educação religiosa, moral e intelectual dos filhos. A sua casa acolhia genros, noras e netos, e permanecia aberta a muitos jovens amigos que andavam à procura da verdade ou da própria vocação. Além disso, na vida de família dava-se largo espaço à oração comum e à lectio divina, e também a sadias formas de recreação doméstica. Diariamente, Thomas participava na Missa na igreja paroquial, mas as austeras penitências que abraçava eram conhecidas apenas dos seus familiares mais íntimos." (1)
Thomas More foi nomeado Conselheiro do Rei (Lord Chancellor, em inglês) no ano de 1529, no meio de uma crise moral na Coroa. Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, mas tentava junto ao Papa conseguir a dissolução de seu casamento. A desculpa para a sanha adúltera do príncipe era o argumento de que Catarina não lhe dava um herdeiro homem. Como o Papa não lhe concedia o dissolução de seu matrimônio – fiel à palavra de Cristo, segundo a qual não se pode separar o que Deus uniu (cf. Mt 19, 6) –, ele mesmo fez questão de casar-se com Ana Bolena, então dama de companhia de sua legítima consorte. Sem autoridade espiritual que confirmasse as suas novas núpcias, Henrique VIII – o qual anos antes defendera a Igreja Católica das heresias do protestantismo – se auto-proclamou líder da Igreja da Inglaterra.
Quando tudo isso aconteceu, Thomas More, tendo previsto o desastre que se anunciava, saiu da política, silenciosamente. Sendo um homem justo, decidiu abandonar o Rei em segredo. O seu silêncio, porém, a sua recusa em aprovar o adultério de Henrique, falavam alto demais. Mesmo não pertencendo mais ao governo inglês, More foi perseguido pelo Rei e, negando-se a obedecer às suas arbitrariedades, foi condenado por alta traição à Coroa.
No dia 6 de Julho de 1535, aprisionado na Torre de Londres, More acabou decapitado, simplesmente por não se prostrar às determinações tiranicas do Rei. (Um ano mais tarde, incapaz de dar um herdeiro aos Tudors, também Ana Bolena seria executada por Henrique, que ainda se casaria com outras 4 mulheres antes de morrer.) (2)
Foi beatificado a 29 de Dezembro de 1886 por decreto do Papa Leão XII ecanonizado, conjuntamente com São João Fisher a 19 de maio de 1935 pelo Papa Pio XI.
Veja o martírio de Santo Thomas More num trecho do filme THE TUDORS.
João Fisher (John Fisher), o bispo de Rochester, em Inglaterra, opôs-se, em 1527, à intenção do rei Henrique VIII de divorciar-se de Catarina de Aragão, de quem era confessor. Em 1534, tal como São Tomás Moro, recusou jurar obediência no “Acto de Supremacia” do monarca sobre Igreja em Inglaterra, pelo que seriam ambos presos na Torre de Londres.
Já em cativeiro, foi criado cardeal pelo Papa Paulo III, a 17 de Maio de 1535.
Foi julgado, acusado de traição e condenado à morte por decapitação, tendo sido executado no dia 22 de Junho de 1535.
Foi beatificado em 1886 pelo Papa Leão XIII e canonizado em 1935 pelo Papa Pio XI.
Martírio de São John Fisher num trecho do filme THE TUDORS.
Henrique VIII fundou a sua própria igreja, a Igreja Anglicana, em 1534, a qual continua ainda hoje separada de Roma.(3)
Referências:
(1) Proclamação como Patrono dos Governantes e Políticos no Site da Santa Sé;
(2) In Christo Nihil Praeponere
(3) In O Dogma da Fé