Um padre especialista em exorcismos pediu aos bispos da Irlanda para criarem uma comissão de exorcistas, depois de que casos estranhos de possessão demoníaca começaram a aumentar no país. Para o padre Pat Collins, a Irlanda está a enfrentar uma onda crescente de maldade.
Muitos filmes de Hollywood costumam apresentar casos de exorcismos como algo fantástico, mas, para o padre Collins, o assunto é um tema delicado, dada a frequência com que ele mesmo é procurado por pessoas que se julgam possessas ou vítimas de outras acções demoníacas.
O sacerdote acredita que os bispos irlandeses precisam tomar providências urgentes e nomear mais sacerdotes para lidarem com o problema, que vai desde pessoas que se “encontram” com espíritos, a casos concretos de possessão. De acordo com padre Collins, “houve um aumento exponencial na demanda por exorcismos nos últimos anos”.
“Tenho encontrado muitas pessoas desesperadas que acreditam piamente que estão a ser vítimas de algum espírito maligno”, declarou o sacerdote a um jornal católico da Irlanda. O Padre Collins explicou que “muitos não são casos de possessão, mas, quando essas pessoas procuram a Igreja, os padres não sabem como lidar com elas e encaminham-nas para psicólogos, de modo que os fiéis acabam sem ajuda”.
Para o padre Collins, a ideia de que não existiria demanda hoje na Igreja por sacerdotes exorcistas simplesmente não corresponde à verdade dos factos. Ele recorda que as Sagradas Escrituras mostram o exorcismo como uma realidade fundamental no ministério de Jesus, e que isso deveria incentivar os clérigos a continuarem a crer na existência de espíritos maus, pois parece que eles já não crêem.
Em 1975, a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu um excelente documento, intitulado “Fé Cristã e Demonologia”, ao longo do qual são rebatidas inúmeras posições erróneas que normalmente se mantêm a respeito desse assunto. Com citações das Sagradas Escrituras, dos Santos Padres e do Magistério da Igreja, fica comprovado que a fé cristã na existência dos demónios e, com isso a importância do ministério do exorcismo, não são “um elemento secundário do pensamento cristão”. Trata-se, pelo contrário, de “uma doutrina necessária — pelo menos em parte — para a noção e a realidade da salvação” que Jesus nos veio trazer. Por isso, deixar de acreditar na acção demoníaca “compromete a fé constante da Igreja, o seu modo de conceber a Redenção e a consciência mesma de Jesus”.
O documento admite que, “em vinte séculos de história o Magistério dedicou à demonologia só umas poucas declarações propriamente dogmáticas”. Mas isso se deve ao facto de que os cristãos, de modo geral, jamais puseram em questão essa doutrina, tão patente nos Evangelhos e nos escritos dos doutores da Igreja. Ao longo dos séculos, “tanto os hereges como os fiéis, fundando-se na Sagrada Escritura, estavam de acordo em reconhecer a existência do diabo e suas principais perversidades”. Isso levou o Papa Paulo VI a afirmar, em resposta aos erros da teologia moderna, que “quem se nega a reconhecer” a existência do diabo encontra-se fora “do quadro do ensinamento bíblico e eclesiástico”.
Também o Papa Francisco tem alertado os fiéis, em várias de suas homilias, para a acção real do diabo, cuja missão é apartar os cristãos de Nosso Senhor através da tentação. Em 2014, o Vaticano deu um reconhecimento formal à Associação Internacional de Exorcistas, que é um grupo de 250 exorcistas espalhados por 30 países.
“Os exorcismos, portanto, permanecem”, assegura o documento de 1975 da Congregação para a Doutrina da Fé. “Hoje, assim como ontem, eles pedem a vitória sobre ‘Satanás’, ‘o diabo’, ‘o príncipe deste mundo’ e ‘o poder das trevas’” — todas expressões das Sagradas Escrituras.
Duvidar da acção demoníaca não vai tornar as pessoas livres dela. Muito pelo contrário, um inimigo torna-se muito mais forte e eficaz quando é ignorado ou quando se nega a sua existência. Por isso, o padre Collins conclui o seu apelo por mais exorcistas pregando contra a apostasia, que, para o sacerdote, é uma das causas para o crescimento do mal. À medida que isso acontece, ele garante, a actividade maliciosa só tende a crescer. Sim, mais do que qualquer outra coisa, Satanás odeia o sacerdócio católico.
In Christo Nihil Praeponere