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«QUEM CRÊ EM MIM TAMBÉM FARÁ AS OBRAS QUE EU REALIZO; E FARÁ OBRAS MAIORES DO QUE ESTAS»


Nosso Senhor disse: «Bem-aventurados os pobres em espírito» (Mt 5,3); deste modo, a Sabedoria eterna mostra que os trabalhadores evangélicos devem evitar a magnificência das ações e das palavras e assumir uma maneira de agir e de falar humilde, fácil e comum. Quem nos seduz a essa tirania do desejo de sucesso é o demónio, que, ao ver-nos executar uma tarefa com simplicidade, nos diz: «Que coisa baixa; isso é demasiado banal, e indigno da majestade cristã». Armadilha do demónio! Tomai cuidado, senhores, renunciai a essas vaidades. [...] Tende presente os modos de Nosso Senhor, que era humilde e adverso a tudo isso. Ele poderia ter dado um grande realce às suas obras e um poder soberano às suas palavras, mas não o fez. «Vós fareis», disse aos seus discípulos, «as obras que Eu realizo; e fareis obras maiores do que estas.» Mas, Senhor, porque quisestes que, ao fazer o que havíeis feito, fizessem mais que Vós? É que Nosso Senhor quer deixar-Se ultrapassar nas ações públicas, para Se distinguir nas humildes e secretas; Ele deseja os frutos do Evangelho e não os barulhos do mundo; portanto, faz mais por meio dos seus servos do que por Si mesmo. Ele quis que S. Pedro convertesse, de uma vez, três mil, e de outra cinco mil pessoas (At 2,41; 4,4), e que toda a Terra fosse iluminada pelos apóstolos. Por Si mesmo, embora fosse a luz do mundo (Jo 8,12), só pregou em Jerusalém e nos arredores, e pregou aí sabendo que obteria menos resultados que noutros lugares. [...] Fez, pois, poucas coisas, e os seus pobres discípulos, ignorantes e grosseiros, animados pela sua força, fizeram mais que Ele. Porquê? Porque quis ser humilde naquilo que fez.

São Vicente de Paulo (1581-1660), presbítero, fundador de comunidades religiosas Conferência de 2/5/1659

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