Para nos salvarmos todos temos de beber o cálice do sacrifício, da renuncia aos próprios gostos quando são ilícitos, às próprias inclinações quando elas nos arrastam pelo caminho de mal, às próprias comodidades se exageradas; e, ao contrário, temos de abraçar os sacrifícios que a vida traz consigo, tanto de ordem material e física, como moral, social e espiritual.
Ora este sacrifício cai sobre todos, mesmo sobre aqueles que não têm a felicidade de possuir o dom da fé. Também eles encontram no seu caminho o sacrifício, porque toda a humanidade está marcada com o sinal da cruz redentora de Cristo, mesmo que não a conheça ou não queira aproveitar-se dela. Todos temos de levar a parte da cruz de Cristo que nos toca na obra da Redenção, porque a cruz pesa por causa do pecado, ou melhor, o pecado traz consigo o peso da cruz.
Na verdade, foi para apagar em nós as manchas do pecado que Jesus tomou sobre si o peso da cruz. Mas, para que este acto de Cristo nos aproveite, é preciso que cada um de nós leve, com fé e amor, a sua própria cruz atrás de Cristo, em união com Cristo; por outras palavras, é preciso o sacrifício, aceite e oferecido a Deus com Cristo, pelos próprios pecados e pelos pecados dos nossos irmãos. É neste sentido que a Mensagem nos pergunta a todos, porque ela é para todos: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores”?
Mas, para uma natureza frágil e decaída pelo pecado como a nossa, o suportar constante, generosa e meritoriamente o sacrifício não é possível, sem um auxilio especial da graça de Deus, que nos sustente e fortifique. Por isso, Nossa Senhora respondeu ao “Sim” pobre e humilde das crianças com a promessa do auxilio da graça: “Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto”.
Irmã Lúcia in “Apelos da Mensagem de Fátima”