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CONFIRMAÇÃO, O SACRAMENTO DOS SOLDADOS DE CRISTO


Pelo sacramento da Confirmação, “nós nos convertemos em soldados de Cristo e, armados adequadamente, empenhamo-nos em lutar ao seu lado contra o mundo, a carne e o demônio”.

O sacramento da Confirmação

Considerai antes de tudo que a Confirmação é um sacramento por cuja virtude o fiel, se devidamente disposto, recebe o Espírito Santo juntamente com todos os seus dons e graças, a fim de tornar-se um cristão forte e maduro. Os Apóstolos foram confirmados de um modo maravilhoso pela descida visível do Espírito Santo no dia de Pentecostes; os demais fiéis, no entanto, haviam de ser confirmados por seus ministros, sucessores dos Apóstolos, ou seja, pelos Bispos da Igreja de Deus: "Eles rezaram [...], impuseram-lhes as mãos e receberam o Espírito Santo" ( At 8, 15.17; cf. 19, 6).

Dai graças ao Senhor por esta sagrada instituição, da qual Ele se serve para perpetuar na Igreja o envio de seu Espírito e a comunicação de suas graças. Que dignidade! que alegria é receber o Espírito Santo, Senhor do céu e da terra, fonte inesgotável de toda graça! Ele, que é liberalíssimo em compartilhar os próprios tesouros, os leva consigo onde quer que sopre. Quantos, pois, fazem guerra a si mesmos, quer por rejeitarem este grande meio de receber o Espírito Santo, quer por dele se aproximarem sem as devidas disposições, privando-se assim dos seus benefícios, quer enfim por ousarem pervertê-lo em causa de condenação!

Considerai agora que a graça própria e peculiar deste sacramento é a transmissão de uma fortaleza celeste, quer dizer, de uma força espiritual, um valor e coragem que permitam nos mantenhamos fiéis a Deus e combatamos os inimigos, tanto visíveis como invisíveis, da nossa fé. Por força deste sacramento, convertemo-nos em soldados de Cristo; alistamo-nos nas fileiras desse grande Rei; pomo-nos sob a sua bandeira; somos marcados na fronte com o sinal da sua Cruz, emblema de todas as suas tropas; e, armados adequadamente, empenhamo-nos em lutar ao seu lado contra o mundo, a carne e o demônio.

Oh! quão glorioso é ostentar o título de soldado de Cristo! Quão gratificante é servi-lO! Mas o que lucramos em seguir a Cristo como nosso capitão e ter o seu Santo Espírito para nos guiar, fortalecer, animar e defender? Oh! nobre é a retribuição que um tão grande Rei dá aos que combatem ao seu lado! Pois é Ele mesmo a recompensa, e para todo o sempre: "Sê fiel até a morte", disse Ele, "e te darei a coroa da vida" ( Ap 2, 10).

Considerai por fim que no sacramento da Confirmação a alma é consagrada a Deus de um modo peculiar pela unção derramada por esse Santo Espírito, ao mesmo tempo que a fronte é ungida com o Santo Crisma, uma mistura de óleo e bálsamo solenemente consagrada na Quinta-feira Santa pelos Bispos da Igreja de Deus e guardada nas igrejas com toda a reverência, para ser utilizada apenas na consagração dos objetos mais solenemente dedicados a Deus ou mais estreitamente destinados ao culto divino. Por isso, a Igreja emprega este santo óleo na Confirmação para fazer-nos compreender que nela também nós somos santificados, oferecidos e consagrados solenemente a Deus para sermos templos do seu Espírito; pois assim como a unção e consagração do corpo são sinais externos da unção e consagração invisíveis da alma por obra do Espírito de Deus, assim também todos os demais sacramentos são sinais externos da graça interna.

Cristãos, que pensais dessa consagração de vossas almas? Já vos considerastes a vós mesmos um povo entregue de forma especial a Deus e santificado pelo unção do seu Espírito? Refletistes alguma vez que fostes santificados com a mesma consagração com que se dedicam ao serviço divino os altares e templos de Deus? De agora em diante não vos esqueçais disso, e permiti que vossas vidas manifestem que sois templos vivos do Deus vivo.

Fazei, em conclusão, o propósito de ter em alta conta a graça de vossa Confirmação e de viver à altura do caráter com que fostes selados. Procurai comportar-vos sempre de modo a crescerdes na perfeição cristã e vos tornardes soldados de Cristo. Que não recebais inutilmente tão preciosa graça.

Por D. Richard Challoner — Liturgia Latina | Tradução: Equipe CNP

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