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SE A VIVEMOS UNIDOS A CRISTO, D‘ELE RECEBEMOS A FORÇA PARA REALIZAR O BEM INCONDICIONALMENTE


Homilia de quarta-feira da 2ª semana da Quaresma

À mãe dos filhos de Zebedeu, que pensava que a vida vale pelos lugares que se ocupam na sociedade, pelo poder de que se dispõe, o profeta Jeremias e, sobretudo, Jesus oferecem o exemplo de uma vida gasta no serviço, por amor. Não é fácil compreender uma tal perspectiva. Jesus vê-se na necessidade de, por três vezes, preparar e anunciar aos discípulos a sua paixão, dizendo-lhes que será preso, condenado, escarnecido, crucificado. Mas eles continuam a procurar satisfazer as suas ambições. Hoje, são os filhos de Zebedeu que, por meio da mãe, tentam a sua sorte. Jesus tinha falado de humilhações. Eles pedem honras, lugares de privilégio: sentar-se «um à Tua direita e o outro à Tua esquerda, no Teu Reino. (v. 21).

Isto mostra-nos a necessidade da paixão. Só ela poderia mudar o coração do homem. Não eram suficientes palavras, mesmo que fossem as de Jesus. A paixão de Jesus revela-nos onde se encontra a verdadeira alegria, a verdadeira glória, a verdadeira vida: servir, amar como Ele, até ao sacrifício da própria vida pelos outros, vistos como mais importantes do que nós mesmos. Isto pressupõe a humildade, virtude que torna verdadeiro todo o gesto de amor e o liberta de equívocos, da busca dos interesses. Foi o caminho do profeta Jeremias. Só depois de o percorrer, descobriu o seu verdadeiro significado.

Também no caminho espiritual de cada um de nós, a provação é importante para nos transformar interiormente. Depois, dela já não ambicionamos a satisfação terrena que antes procurávamos. E, se a vivemos unidos a Cristo, d‘Ele recebemos a força para realizar o bem incondicionalmente, sabendo que não se perderá, mas que, a seu tempo, dará fruto: depois da paixão e da morte, vem a ressurreição (cf. Mt 20, 18ss.). O serviço humilde, até ao fim, motivado pelo amor, conduz à vida, a glória eterna.

O Espírito faz-nos superar o nosso egoísmo ou amor de exigência e impele-nos para o amor; faz-nos ultrapassar a busca dos interesses e comodidades pessoais, para actuar conforme a justiça em relação a cada uma das pessoas e em relação à comunidade, para não violarmos os seus direitos. O Espírito impele-nos a dar-nos aos outros, especialmente aos mais pobres e marginalizados, não só com aquilo que temos, mas também com aquilo que somos: tempo, capacidades, cultura, etc. O Espírito leva-nos à vida de amor e serviço desinteressado, mas também universal, porque deita por terra todas as barreiras de raça, de cultura, de sexo:

"Todos os que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Não há judeu nem grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo” (Gál.)

Padre José António Rebelo da Silva

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